sexta-feira, setembro 08, 2006


Vive, dizes no presente, Vive só no presente. Mas eu não quero o presente,
quero a realidade; Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede. O
que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade,
as cousas sem presente. Não quero incluir o tempo no meu esquema. Não
quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes. Eu nem por reais as
devia tratar. Eu não as devia tratar por nada. Eu devia vê-las, apenas vê-las;
vê-las até não poder pensar nelas, vê-las sem tempo, nem espaço, Ver
podendo dispensar tudo menos o que se vê. É esta a ciência de ver, que não é
nenhuma.
Alberto Caeiro

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