Morre lentamente quem nao viaja,
quem nao le quem nao ouve musica,
quem destroi o seu amor proprio,
quem nao se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do habito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem nao muda as marcas no supermercado,
nao arrisca vestir uma cor nova,
nao conversa com quem nao conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixao,
quem prefere o 'preto no branco' e os 'pontos nos is'
a um turbilhao de emocoes indomaveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e solucos, coracao aos tropecos, sentimentos.
Morre lentamente quem nao vira a mesa quando esta infeliz no trabalho,
quem nao arrisca o certo pelo incerto atras de um sonho,
quem nao se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se
da ma sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de inicia-lo,
nao perguntando sobre um assunto que desconhece
e nao respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforco muito maior do que
o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, entao!
Pablo Neruda
sexta-feira, agosto 25, 2006
Publicada por carracita à(s) 00:18
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